Que o
tabaco é prejudicial à saúde não é novidade para ninguém. Mas, de acordo com a
Organização Mundial de Saúde a cada seis segundos uma pessoa morre em
decorrência de doenças relacionadas do tabaco. Esse número equivale a 6 milhões
de óbitos por ano e acredita-se que em 2030 mais de 8 milhões de pessoas morram
anualmente por causa desses problemas. Segundo o Instituto Nacional de Câncer
(Inca), a prevalência de fumantes adultos reduziu nos últimos anos, mas o
consumo masculino ainda é superior ao das mulheres.
Além de
ser um importante causador do câncer, o tabaco provoca a redução do colesterol
bom (HDL), aumento da acidez do estômago, acelera o envelhecimento celular e
aumenta em até três vezes as chances de AVC. Mas o que poucos falam é que o
fumo do tabaco também está ligado ao desencadeamento de alergia, asma e
infecções respiratórias.
É muito
comum, após entrar em contato com a fumaça do cigarro, algumas pessoas notarem
coceira no nariz, espirros constantes e tosse persistente. “Isso acontece porque
tanto o tabaco como a nicotina são substâncias que desencadeiam crises
alérgicas em pacientes com predisposição”, explica a alergologista do Hapvida
Saúde, Michelle Leão.
Esses
sintomas aparecem pelo fato de a fumaça agir como um alérgeno (que induzem a
uma reação alérgica), ou seja, uma substância que age promovendo a liberação de
histamina pelos mastócitos (células do tecido conjuntivo), que é a substância
responsável por todos os sintomas alérgicos.
Aparentemente
inofensivos, a alergologista alerta para problemas alérgicos mais graves. “Eles
podem ir de simples espirros, coriza e obstrução nasal até sintomas de asma
como dificuldade para respirar, tosse seca e, em casos mais graves, doenças
pulmonares crônicas como o enfisema pulmonar.” Os sintomas variam de acordo com
o tempo de exposição, podendo ser contínuos ou intermitentes.
E não
precisa ser fumante para ter esses tipos de problemas, a alergia atinge os
fumantes passivos tanto quanto ou mais que os ativos. E isso pode ser uma
situação alarmante, principalmente para as crianças, que correm o risco de ter
sua saúde prejudicada pelo contato indireto com a fumaça do cigarro.
Fumo
passivo infantil: riscos são ainda maiores
É até
irônico, mas o local onde a saúde das crianças mais corre perigo neste aspecto
é dentro da própria casa, como explica a pediatra do Hapvida Saúde, Maria
Dalvaci Soares. “Pais e mães fumantes, e até mesmo outros membros da família,
dificilmente conseguem controlar a exposição dos filhos à fumaça em suas
residências, então é bastante difícil quebrar este ciclo.”
Apesar
de o fumo passivo trazer vários problemas à saúde dos adultos, é nas crianças
onde eles se agravam mais. Quando são expostas à fumaça do cigarro, as crianças
podem desenvolver ou piorar (caso já apresentem) quadros de alergias
respiratórias, asma e até problemas pulmonares, como é o caso do remodelamento
pulmonar, que é quando a fumaça provoca uma inflamação crônica e, na tentativa
constante de sanar, o órgão acaba alterando seu formato.
A
especialista ainda alerta que as crianças expostas à fumaça do cigarro podem
desenvolver muito mais doenças, já que ela atinge diretamente o sistema
imunológico, parte ainda em desenvolvimento nessa idade. Outro fator é a
estrutura física das vias aéreas infantis, elas são mais estreitas e mais
suscetíveis aos malefícios do cigarro.
Portanto,
é preciso pensar duas vezes antes de fumar perto de uma criança. “A principal
medida que os pais podem tomar é parar de fumar ou evitar fazê-lo dentro de
casa. Assim eles reduzem a exposição e impedem que os filhos inalem as
substâncias tóxicas presentes na fumaça. Mas é preciso que a mídia invista mais
em campanhas para esclarecimentos e motivar a conscientização dos pais”,
recomenda Maria Dalvaci.
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